Wednesday, June 12, 2024

Quem mandou matar Marielle? Detalhes revelados pela investigação da PF

 Inquérito foi concluído seis anos após o assassinato da vereadora e do motorista Anderson Gomes


Marielle Franco
Imagem: esquerdaonline.com.br


Bruna Azevedo,
Esther Verta e
Luiza Muniz.
Fonte: g1.globo.com
Em: 24/03/2024
 

Os irmãos Domingos Brazão e Chiquinho Brazão foram presos no domingo, 24 de março, suspeitos de mandar matar a vereadora Marielle Franco. O delegado Rivaldo Barbosa também foi preso. De acordo com a Polícia Federal, ele ajudou a planejar o crime e atrapalhou as porque havia prometido impunidade aos mandantes.

Os irmãos Brazão e Rivaldo Barbosa foram presos após a homologação da delação de Ronnie Lessa, que também está preso e é acusado de executar o crime. A ordem de prisão foi expedida pelo ministro Alexandre de Moraes, responsável pela investigação no Supremo Tribunal Federal (STF), com a concordância da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Os suspeitos foram presos no Rio de Janeiro e levados para Brasília. Dois deles serão transferidos para presídios federais em outros estados. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou que a elucidação do caso é uma “vitória do Estado brasileiro”. Para ele, pode-se dizer que os trabalhos estão encerrados.


Quem mandou matar Marielle?
A PF aponta os irmãos Domingos Brazão e Chiquinho Brazão como mandantes. Segundo o inquérito, o delegado Rivaldo Barbosa ajudou a planejar o crime e atrapalhar as investigações.

  • Domingos Brazão: começou a carreira na política do Rio de Janeiro antes do irmão, Chiquinho. Foi vereador, deputado estadual e, atualmente, é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. Já se envolveu com polêmicas, suspeitas de corrupção, ligação com quadrilhas e com a milícia, além de um assassinato.
  • Chiquinho Brazão: eleito vereador pela primeira vez em 2004, ficou na Câmara Municipal do Rio por 14 anos. Em 2019, renunciou ao cargo para assumir como deputado federal. Na Câmara, conviveu com Marielle.
  • Rivaldo Barbosa: foi chefe da Polícia Civil do RJ à época do atentado (foi nomeado um dia antes). Antes disso, comandou a Divisão de Homicídios. Atualmente é coordenador de Comunicações e Operações Policiais da instituição.

Os irmãos Brazão são políticos de longa trajetória no RJ, com influência em Jacarepaguá, região de milícia.

O relatório do pesquisador afirma que o delator Ronnie Lessa apontou “como motivo [do crime] o fato da vereadora Marielle Franco estar atrapalhando os interesses dos irmãos, em especial, sua atuação junto a comunidades em Jacarepaguá, em sua maioria dominada por milícias, onde se concentra parcela relevante da base eleitoral da família Brazão”.

Um projeto de lei aprovado em 2017 na Câmara Municipal do Rio para regularizar ocupações clandestinas foi planejado por Lessa como possível “estopim”. Marielle votou contra esse projeto, e, segundo relatos de testemunhas, Chiquinho Brazão ficou furioso com isso. O projeto chegou a mudar a lei, mas foi anulado pela Justiça depois.

Segundo a PF, testemunhas ouvidas foram “enfáticas” ao sugerir que a atuação da vereadora prejudicava os interesses dos irmãos Brazão.


Deputado Chiquinho Brazão
Imagem: notíciasaominuto.com.br


Conselheiro do TSE Domingos Brazão
Imagem: brasil.perfil.com


Como o atentado foi encomendado?
Segundo a PF, o planejamento do atentado começou em meados de 2017. Para que o crime seja certo, os irmãos contrataram dois serviços:

  • O assassinato, praticado pelo ex-policial militar Ronnie Lessa;
  • A “garantia de impunidade”, uma promessa de Rivaldo Barbosa.

Segundo a delação de Ronnie Lessa, o responsável por intermediar o contato entre ele e os Brazão foi o policial militar Edmilson da Silva de Oliveira, o Macalé. Amigo de Lessa, ele atuou na área de milícia dos irmãos Brazão e foi quem apresentou a proposta de matar a vereadora.

Lessa relatou que, na primeira reunião sobre a empreitada criminosa, Domingos Brazão afirmou que os irmãos haviam se infiltrado em um miliciano no PSOL para monitorar a vereadora. Esse miliciano, Laerte da Silva de Lima, teria levantado que uma vereadora pediu para que a população não participasse de novos loteamentos situados em áreas de milícia.


Como o crime foi planejado?
Ronnie Lessa disse que passou a acompanhar Marielle, mas que encontrou dificuldades. Chegou, inclusive, um pedido ao Brazão de que a exigência de execução no trajeto para a Câmara dos Vereadores fosse derrubada para facilitar o serviço.

Suel deveria, concluído, ser o motorista do atentado, mas não cumpriu o combinado com Lessa em uma das oportunidades vistas pelo tiros no início de 2018. Por isso, entrou Élcio de Queiroz.

Um informante de Lessa, então, indicou que a vereadora estaria presente no evento do dia 14 de março. Os atiradores acionaram Queiroz e ambos partiram para a emboscada.

No comments:

Post a Comment